segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Coragem de quem foi pioneira



Durante 20 anos, Léa Fagundes deu aula para crianças, até entrar no curso de Pedagogia da UFRGS, em que viria a ser professora a partir de 1972. As dificuldades de aprendizagem verificadas em seus alunos levaram-na a pesquisar sobre as causas dessa realidade e a buscar novos métodos de ensino.

Teoria e Prática- Segundo Léa, o modelo tradicional nas escolas segue o paradigma do behaviorismo, em que a resposta esperada é premiada e a indesejada, punida: “Condiciona apenas reflexos [como treinamento militar] e o comportamento de animais”, sustenta a professora. Para ela, o ser humano, por ter a capacidade não só de adquirir, mas de construir o próprio conhecimento, necessita de um processo diferente, em que ensinar é a melhor forma de aprender.

Foi assim que Léa conheceu os estudos cognitivos do suíço Jean Piaget, que não era trabalhado à época na Pedagogia, mas no então Departamento de Psicologia, para onde se transferiu. Léa explica que, conforme o paradigma piagetiano, o prêmio é adquirir o conhecimento.

Nos estudos cognitivos, não há grade de disciplinas ou de horários; os professores precisam trabalhar em conjunto. A idéia é que os alunos pesquisem, com a orientação docente, sobre fenômenos que lhes interessem e cuja causa desconhecem – como a formação do arco-íris, por exemplo – e transmitam o conhecimento obtido ao final do processo – em que recorrem a diversas fontes – para a turma. A professora criou o Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) em 1975 para desenvolver pesquisas nessa área.

Informática como ferramenta – Léa,então formou parceria com o neurologista argentino Antônio Maria Battro, que estudara com Piaget durante quatro anos no Centro Interdisciplinar de Epistemologia Genética de Genebra. Com Battro, ela inteirou-se a respeito da chamada inteligência artificial, tema que vinha ganhando espaço em diferentes setores.

Um dos maiores entusiastas dessa temática era o matemático sul-africano Seymour Papert, que também havia estudado Piaget. Com ele, Battro iniciou o estudo da relação entre crianças e computadores – a máquina, assim, passou a ser planejada como ferramenta de aprendizagem.

Para tanto, Papert criou a linguagem Logo, que permite às crianças que programem de forma criativa, pois são elas que ensinam os computadores para que eles cheguem à resposta desejada.

No caso de a criança errar, ela mesma pode descobrir onde está o erro, já que cada passo fica registrado, e ela pode experimentar como as modificações em cada etapa influenciam o resultado final.

Fonte: Jornal da Ufrgs- Ano XIV/ Número 133, pág.12

Nenhum comentário:

Postar um comentário